quinta-feira, 12 de novembro de 2009

A Perícia

Infelizmente estava muito ocupado sentindo dor e ouvindo a "dona lamentações" (esposa do condutor - Um dia tomo coragem e troco esse nome de condutor pra $&#*$ $# *$*#), mas fiquei sabendo que foi meio tenso o negócio lá, o dito cujo do condutor assim que falhou na tentativa de homicídio, sumiu, escafedeu-se. Mas foi super bem representado pelo filho, um jovem estressado e metido, desculpem-me o rótulo, mas um típico "playboy" de merda, que estava querendo dá ordens nos policiais da CPTRANS.

Um fato engraçado que fiquei sabendo é que ele estava super preocupado, não comigo e meus ferimentos, mais com os custos do conserto do carro do papai, ficou fazendo as contas de cada peça danificada, aí um grande amigo (um dos três mosqueteiros - Ler sobre) disse pra ele: Cara, tem Peugeot quem pode.
Além disso ele conseguiu tirar o sargento do sério com tanta chateação, que foi até ameaçado a levar uns tapas, tirando isso os policiais fizeram seu trabalho.

Segue as versões do acidente pelos envolvidos e o laudo final, coloco também o desenho feito pela perícia, fica mais claro pra quem ainda não sabe como foi.

Versão do condutor 01 (Ele):
Trafegava na via A, sentido José Américo/Geisel, faixa da direita quando estava executando uma manobra para entrar à esquerda surgiu o V2 em alta velocidade, não tendo como evitar o impacto.

Comentários:
O cara é tão sem noção que disse que vinha na faixa da direita, no entanto a via que ele estava trafegando só tinha uma faixa, é uma rua mão dupla com uma faixa pra cada direção. Outra coisa maravilhosa é que eu consegui fazer uma curva e com 20 metros estar em alta velocidade, ele esqueceu que minha moto é 125 cc, o que torna a alta velocidade, principalmente após uma curva, impossível. Mas Deus proverá Justiça, ou então eu consigo a tão sonhada 9mm.

Versão do condutor 02 (Eu):
Trafegava na via A, sentido Geisel/José Américo, ao chegar ao girador virou a direita e após uns 20 metros foi interceptado bruscamente por um peugeot vermelho, com o reflexo só deu para buzinar e frear até a colisão que foi inevitável. O veículo atingiu quase que de frente o V2 arremessando-o sobre o mesmo, caindo uns 15 metros a frente.

Desenho feito pela perícia:




Conclusão:
O condutor 01 (Ele) não agiu de acordo com o artigo 38 inciso II parágrafo único das normas gerais de circulação e conduta e desta forma infringindo ao artigo 169 do CTB (Código de Trânsito Brasileiro).

P.S. Não entendi muito, mas isso quer dizer que a culpa foi do miserável.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A Cirurgia

Três horas se passaram desde o acidente, estou deitado numa maca no corredor qualquer do hospital Ortotrauma. Várias pessoas passaram, maqueiros, enfermeiras e médicos, pararam e olharam para meu troféu, a fratura exposta, mas ninguém faz nada. Escuto por acaso alguém perguntar quem eu era e para onde estava indo, a resposta me deixou ainda mais nervoso, pois disseram que eu estava esperando pela cirurgia.

Desde que fui largado ali, tirando os parentes, que me visitavam de um em um, não tinha recebido nenhum atendimento ou qualquer cuidado, muito menos informações que teria que fazer uma cirurgia. Sinto muitas dores nos dois pés, mas começo a perceber que ninguém dá atenção ao esquerdo, mesmo eu relatando as dores nele.
Por alguns minutos fico sozinho naquela maca, naquele corredor, naquela dor e tenho os pensamentos mais sombrios que já tivera, e choro, não de dor, mas de medo do que virá, dos planos que terei que adiar ou cancelar, da negligência que previa do produtor daquele filme de terror, de não poder correr com meu filho, de não poder mais tocar bateria.

Antes que meus pensamentos piorem, fui levado para o raio-x, o mais doloroso da minha vida (não que eu tenha tirado muitos), mas tive que colocar o pé em posições que seria difícil até para um contorcionista. Me levam para outro andar do hospital, acho que estou próximo da cirurgia, só não tive tempo de dizer algo para minha família e vice versa. Chego numa sala e sou recepcionado por uma enfermeira que diz: quem deixou esse paciente subir de roupa? Tento ser divertido e digo: Pensei que vinha para uma festa. Mas a enfermeira não esboçou nenhuma reação facial, se a dor não tivesse tirado todo o meu senso de humor, aceitaria o desafio e a faria rir de todo jeito, usaria as técnicas infalíveis do meu amigo prateado: Papai fugiu, fugiu? tá com buço suado? Na samanamana, e por aí vai. Começam a tirar minha roupa, nada muito sexy, pois a enfermeira com cara de segurança de festa de rico continua fechada, sem muita alegria, mesmo após tirar a última peça de roupa, será que perdi meu encanto?!

Bom, sou levado a sala de cirurgia, uma médica muito simpática me recebe, juntamente com dois enfermeiros, era a anestesista que estava no seu último dia de trabalho aqui na Paraíba, pois viajaria no dia seguinte para São Paulo, lugar de origem, onde ficaria até sua aposentadoria. Pensei, ela fará um bom trabalho para encerrar sua carreira aqui com chave de ouro, ou fará um trabalho qualquer pois não estaria mais aqui para receber reclamações? Maldade minha, demonstrou ser uma ótima profissional.

Recebi a anestesia e meu corpo desfaleceu da cintura pra baixo, bem estranho você pegar no seu pinto e não senti-lo. Fiquei um pouco sonolento, mas estava lúcido o tempo todo, só fiquei um pouco enjoado quando ouvi o som de furadeira, martelo, etc. Principalmente depois de ver a cara dos médicos, os caras eram mais novos que eu e pareciam estudantes do SENAI.
A cirurgia foi realizada apenas na perna direita, até o momento continuavam ignorando a dor da perna esquerda, e consistiu em colocar uma placa no tornozelo com 5 parafusos, para corrigir a fratura exposta, não sei muitos detalhes pois não falei com os médicos, os caras se escondem, pra ter um bom atendimento ali, só seqüestrando um parente de um deles.

Ao finalizar a cirurgia solicitaram uma fotoscopia (uma foto do osso, tipo um raio-x, mas se ver no monitor o resultado), de repente chega um baixinho falador perguntando de quem eu era peixe, pois fui cirurgiado no mesmo dia que cheguei ao hospital. A galera (os médicos e enfermeiros) já foram contando minha história, que sou músico e tal (é que ficava perguntando direto pra eles: Vou poder tocar bateria?), descobrir até que o cirurgião já tinha visto minha banda tocar no Zodíaco. O baixinho da fotoscopia se empolgou com a notícia e disse: Aí Brow, vou tocar um som pra você então. Daí pegou o celular e tocou o Reggae do maneiro de Raimundos, imagina aí, a equipe médica finalizando a cirurgia e ouvindo bem alto o reggae do maneiro, pior, o baixinho começou a dançar e cantar, até a senhora distinta da anestesia dançou também, uma zorra.

A cirurgia acabou fui pra uma sala de observação, após alguns minutos fui pra enfermaria, onde dividi um quarto com duas figuras, mas isso conto depois.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

A Odisséia

Após os primeiros cuidados do SAMU, resolveram me levar para o Hospital Ortotrauma em Mangabeira. Fui colocado na ambulância com uma senhora histérica que não parava de chorar e falar dos seus problemas, o pior era a voz dela, parecia uma taquara rachada.
Pensei que era uma nova técnica da secretaria de saúde para os enfermos esquecerem da própria dor, porque de fato, por alguns minutos esqueci das minhas e só pensava em matar aquela senhora e curtir em paz meu momento de aflição, dor, angústia, revolta, etc.

A melhor parte era quando ela tentava falar ao telefone, parecia uma discussão de família em noite de Natal (na casa de vocês também acontece isso?), como apenas uma pessoa conseguia produzir tantos sons ininterruptos, quase me faz levantar e sair correndo, como um milagre.
Depois de muito odiar e desejar a sua morte, descobri que a senhora é a esposa do condutor do veículo o qual me deixara naquela estado, odiei e desejei matá-la mais ainda. Agora tudo ficou claro, ela veio terminar o que o marido começou, usando uma técnica diferente.

Confesso que ela quase consegue e não apenas eu, toda a equipe de salvamento do SAMU assim como um grande amigo que me acompanhou no translado, todos estavam desejando matá-la ou o suicídio, qualquer coisa que colocasse um fim naquele pandemônio, ficávamos trocando olhares e rotulando aquela senhora com adjetivos negativos e semelhantes, Louca era o mais nobre deles.
Bom, a viagem do local do acidente até o Ortotrauma foi horrível, muitas curvas, buracos, cada sacudida amplificavam a dor e agonia que sentia enquanto pensava se depois de tudo isso poderia andar, correr, praticar esportes, tocar bateria (esse é o que dá mais medo e aflição), e ainda tinha aquela voz irritante no juízo.

Quando cheguei no Ortotrauma um senhor de blusa Pólo e uma caneta reluzente foi logo dizendo: Fratura exposta, não pode ficar aqui, precisam levá-lo para o Trauma. Naquele momento recebi o espírito Joseph Climber, e pensei, não posso me abater, até mesmo nos mais terríveis obstáculos preciso encará-los como novos e maravilhosos desafios.
Então gargalhei para tentar chamar atenção, pois além dos protocolos e toda aquela burocracia, existia alguém Fu**do ali, sangrando e agonizando de dor. Mas tudo inútil, o bate-boca entre a técnica do SAMU e o tal senhorzinho durou alguns minutos mas não resultou em nada, entrei novamente na ambulância e fui a caminho do Trauma.

Novamente o sacolejo das curvas e buracos, e quando cheguei lá aliviado, pois agora todos os meus problemas acabariam, assim como um produto das organizações Tabajara. Escuto de outro senhor, que pelo menos estava vestido como médico: Ele não pode ficar aqui, segundo a portaria número $(&$(%$ da secretaria da Saúde, ele precisa ser levado para o Ortotrauma em Mangabeira.
Parece piada não é mesmo? Mas infelizmente não era não, me colocaram novamente na ambulância e me levaram para o Ortotrauma, pois é, ninguém me queria, cheguei a solicitar que me levassem pro cemitério, talvez lá encontrasse uma cova rasa e acabasse com aquele sofrimento, mas nem isso, não tenho vontades, apenas o direito de sentir dor, quem mandou não ter plano de saúde.

Chegando no Ortotrauma, já fui chamado pelo nome, todos me conheciam, eu era o cara da fratura exposta, pois é, e graças a fratura exposta já fui direto pra sala de cirurgia, mas essa história fica pra depois.

domingo, 1 de novembro de 2009

Os Três Mosqueteiros

Dizem, você tem um anjo da guarda forte... Acredito! Não exatamente como rege a crença cristã, que o Senhor nos envia alguém para proteger quando nascemos. Mas acredito em alguma proteção sobrenatural, fica mais fácil. Já imaginou tentar achar um motivo sensato pra justificar a sorte que tive no acidente? Usar a física, por exemplo, traçar minha trajetória, calcular velocidade, o empuxo em referencial acelerado, blá, blá, blá... para que tivesse apenas essas sequelas no acidente?! Ficaria louco.

Pois bem, além dessa proteção, posso contar com outra, uma ajuda menos santa, menos bíblica, diria até um pouco profana, mas totalmente voluntária, ninguém ordenou ou delegou a esses "anjos" que me ajudassem, também não fazem por interesse, pois não tenho nada. Na verdade não sei nem porque eles perdem tempo comigo, nem legal eu sou.
Bom, posso dizer que tenho um punhado desses anjos em minha vida, mas falarei de três, que nesse acidente foram fundamentais.

Quando estava no chão, me pediram alguns números de telefones de pessoas que poderiam ser úteis naquele momento. Poderia ter ligado pra família, mas para uma situação como aquela, melhor não, te deixam mais nervosos, caem no choro, e acabam não ajudando tanto.

O Primeiro a chegar foi Athos, o "Baixim Toradim", ou melhor a voz dele, pois como estava na horizontal, meu angulo de visão não permitia olhar menos de um metro e meio do chão, mas com um pequeno esforço levantei a cabeça e o vi, com uma expressão: P**a que pariu, o bicho se f***u. Apesar do nome, Athos não teve muitos "athos" quando me viu, ficou meio atônito, pálido por alguns segundos. talvez por usar a mesma montaria e acabar se imaginando naquela situação, cavalo de duas rodas é F**a. Passado o susto começou a interagir com os camponeses da região. Logo depois senti um grande volume de massa se aproximando, fazendo uma sombra gigantesca e seguido de tremores de terra, parecia que o sol estava se escondendo atrás de uma montanha, ou melhor a montanha estava caminhando em minha direção, o que seria aquilo, me perguntei. De repente parou, o dia quase vira noite, e quando consigo enxergar nitidamente por causa da falta de luz solar, percebo que era Porthos, o "gordo", que acabara de chegar. No mesmo momento chega Aramis, o "mago", que se fosse um pouquinho mais feio, chamaria de Steven Tyler (o vocalista do aerosmith). Outra coisa curiosa é que sempre que acontece isso comigo (essa foi a segunda vez) ou me encontrei ou vou me encontrar com ele, seria ele o problema? Será que forças ocultas não querem que nos encontremos, será que a magia negra presente na banda Aerosmith está tentando acabar com o que seria a melhor banda de Rock autêntico do mundo? será... tá bom, parei! Pronto, meus heróis estavam todos lá, e de repente parei e pensei, olhando para os três juntos, Esse trio está mais pra Monstros S.A do que Os Três Mosqueteiros, mas cada um tem os heróis que merece.

A conclusão dessa história, é que pude contar com essas pessoas quando precisei, que chegaram lá antes mesmo do SAMU. E mais, os três mosqueteiros poderiam se transformar em 10, 20, no máximo 30 (não sou tão popular assim) se tivesse ligado pra todas as pessoas que eu considero e que me consideram (diria amo, mas ficaria muito gay, e já basta a história de D'Artagnan).

P.S. – Preferi preservar a identidade dos meus heróis, para que eles continuem sendo meus amigos.
Faria referência aos Três Reis Magos, mas entre D'Artagnan e Menino Jesus, preferi ser D'Artagnan, menos problemas com direitos autorais e mosqueteiro está mais próximo a realidade dos personagens, viver em tavernas enchendo a cara.