terça-feira, 27 de abril de 2010

Quase lá

Estou quase lá. Que bom (imaginem a velhinha do pânico).


Pois é, o problema é que estou quase lá faz tempo, uns 27 anos. Mas nunca chego lá. Consigo chegar mais perto, bem próximo, claro, a base de muita porrada e sofrimento, mas quando deveria chegar a hora da recompensa, acontece alguma desgraça.

Esperei seis meses para enfim da entrada nos processos do acidente e olha que notícia boa, só terei a primeira audiência em 2011, quer dizer, daqui a pouco o responsável pelo acidente morre de velhice e não paga o que deve, que bom.

Agora preciso urgentemente fazer uma cirurgia para retirar a placa e vejam só, o plano não cobre, se for pro SUS farei a cirurgia depois da audiência (2011) e particular, obviamente não posso, pensei em rifar alguma coisa, mas nem as muletas são minhas.

Tá bom, eu choro demais, né? Mas vem você então ficar no meu lugar, beleza?! Brincadeira.

Entenda isso como desabafo e não resmungo (dá no mesmo, eu acho.)

Bom, estou sem tempo e sem criatividade, portanto esse provavelmente será o meu melhor post, pois quanto menos escrevo, menos erros cometo e menos tristes deixo vocês com essa minha infindável lamentação, que por certo, nem tenho direito de expressar.

Até os próximos capítulos e não se preocupem, estou quase lá.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Inspiração da desgraça

Calma, o título parece um pouco forte, mas é só drama.

O vídeo abaixo é de uma música que fiz poucos dias depois do acidente, quando estava completamente dependente e incapaz. Segue também a letra, para quem quiser acompanhar, já que dificilmente vocês conseguirão traduzir o que estou dizendo, pois além de ser um péssimo cantor e tocador, ter uma dicção horrível, o som estava uma merda.



Acidentalmente
(Gabriel Ramalho)

Adormeci no asfalto quente
Como o sol nascente
Desejando um dia paz

Acordei com uma vida diferente
Revendo tanta gente
Até quem eu não lembrava mais

Agora tento participar
Dos planos que eu nunca fiz
Por não ter forças para lutar

Queria uma chance para mudar
Fazer o que eu sempre quis
E conseguir me libertar

Não posso mais viver uma vida assim num calabouço
Eu tenho que lutar e parar de pensar tanto nos outros
E assim vou conseguir, até ser feliz, quem sabe um pouco
E vou até insistir, nunca desistir, nem mesmo morto.

Desejei que algo mudasse de repente
Como uma chama ardente
Me lembrando o tempo que faz

Condenei os pensamentos da minha mente
A fé anda tão ausente
Que esqueço até que ainda sou capaz

Agora peço pra esperar
Enquanto eu estou aqui
Sozinho, tentando me encontrar

Queria sua ajuda para mudar
O destino que eu escolhi
Por medo de me machucar

Não posso mais viver uma vida assim num calabouço
Eu tenho que lutar e parar de pensar tanto nos outros
E assim vou conseguir, até ser feliz, quem sabe um pouco
E vou até insistir, nunca desistir, nem mesmo morto.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Sobre isso e aquilo outro

Meus milhares de poucos leitores podem até achar que desvirtuei do objetivo deste blog, mas digo que não, intitulei como diário justamente para ter a liberdade de expressar o que quiser, ficando isento de qualquer explicação.

Mesmo assim, digo que mantive o foco na vida de um enfermo, logo que sofro de várias enfermidades, principalmente a espiritual.

Sempre fui bastante fechado, pouco comento sobre minha vida e minhas experiências (principalmente as tristes) e confesso que estou gostando de externar tudo isso, mesmo que deixando tão exposto e sem saber quem está lendo.

Contudo, como sei que grandes e fiéis amigos lêem este blog, para de certa forma se manter informado de como estou me recuperando deste acidente, falarei um pouco sobre.

Estou me recuperando bem (calma que eu detalho esse "bem"), aparentemente ando como uma pessoa comum, pelo menos nos primeiros 5 minutos. O que acontece é que tenho constantes dores no calcanhar esquerdo, onde fraturei, mas segundo o médico e o raio-x, não existe mais a fratura e segundo este especialista, a dor é normal (estranho, né? a dor ser normal).

A outra fratura também está curada, porém tenho certa limitação no movimento do tornozelo, que segundo o mesmo especialista, só posso melhorar esse movimento retirando a placa e os parafusos (que estavam ali apenas para segurar o osso no lugar certo, enquanto o corpo "soldava" o mesmo) e retomando a fisioterapia, desta vez, mais intensa que antes.

Até o dia de hoje (13), não recebi um "puto" do (in)responsável pelo acidente e tudo que precisei fazer foi por conta própria (na verdade, com ajuda dos parentes mais próximos, aqueles que não sumiram depois do acidente), várias consultas, 10 sessões de fisioterapia, vários raios-x e o translado de casa para o hospital, clínica, etc. A partir deste mês melhorou, pois agora tenho plano de saúde (recomendo a todos).

Tenho direito de receber o seguro obrigatório em caso de acidentes de trânsito, o famoso DPVAT, porém para chegar até o pote de ouro, há uma jornada épica, onde muitos são vencidos pelo cansaço.

Até que eu estava indo bem, fiz um exame há 90 dias no IML para atestar minha debilidade de caráter permanente (a dor constante e a limitação de movimento, me impedem de levar uma vida "normal"), porém neste primeiro exame, o perito achou cedo para dar esse “veredicto” e pediu que eu retornasse 90 dias depois.

Deveria ter voltado lá semana passada para fazer este exame, inclusive, até meu traumatologista me deu esse atestado, o que torna ainda mais fácil que a perícia do IML chegue a mesma conclusão (que é óbvia), mas meu Advogado, sumiu, escafedeu-se, farrapou, não apareceu, me deixando a míngua.

Não foi por falta de aviso, passei todos os dias da semana que antecedia o exame entrando em contato e alertando da data, mas como na minha vida (eu choro mesmo) tudo é mais complicado (as vezes impossível), terei que esperar.
Ainda não sei como nem quando farei novamente este exame, mas só depois dele, poderei enfim dar entrada no seguro e aguardar uns 8 meses, se tiver sorte, por algum trocado.

O mesmo processo serve para a ação contra o filho DE mãe de motorista de ônibus da linha 101 Grotão.

UPDATE: Sei que pareceu confuso, mas só quis dizer que o responsável pelo acidente e o motorista de ônibus desta linha, são filhos de R#$%*#$%#.

Quer dizer, tudo girava em torno deste exame, portanto ele era a coisa mais importante do mundo para mim (para ele também, já que ficará com uma apetitosa fatia do bolo), mas ele esqueceu ou priorizou outra coisa. Assim que tiver novidades a respeito, atualizo aqui, afinal, comedia da vida real (e dos outros) é sempre atrativa, não é mesmo?

Enquanto isto, continuo andando de ônibus e rejeitando ligações dos credores, já que eles não gostam nem acreditam nas minhas histórias tristes. Inclusive, se tiver algum lendo isso, peço paciência, o aleijado vai pagar todos vocês, quer dizer, eu acho que sim.

P.S. Prezado Advogado, se por ventura estiver lendo isto, Aconselho: Se quiser mudar de profissão, acredito que se dará bem como motorista de ônibus da linha A101 Grotão – João Paulo II.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Cadê a graça?

Nem na minha pior fase depressiva e decrépita, senti tanta ânsia pela morte. Nem mesmo quando passava os dias trancado no quarto ouvindo incessantemente Legião Urbana, mas precisamente Clarisse, a faixa 6 do álbum Uma Outra Estação, tomando vinho e o que tivesse pela frente, marcando o corpo com uma tesoura de tamanho médio e cabo amarelo e desejando que entre um corte e outro, atingisse "sem querer" uma véia fatal e ali pudesse ver o mundo em preto e branco, como nos filmes onde o espírito sai vagando sem rumo.

Raspar a cabeça com uma gilete velha, sair de casa e voltar alguns dias depois com cicatrizes ainda maiores, não me trouxeram nada de bom, pelo contrário, me distanciava cada vez mais do meu objetivo, que era chamar a atenção. Essa era minha forma de gritar pros quatro cantos que eu não estava bem, que os erros dos outros estavam afetando minha vida e precisavam parar de cometê-los ou mais pessoas sofreriam com aquilo, mas não, conquistei mais desprezo, mais indiferença e fui me tornando um ser inquieto, esquisito e cada dia mais ensimesmado.

Permiti que pouquíssimos amigos tomassem conhecimento, mesmo que parcialmente, da minha história e logo depois, os via se afastando ou eu os afastava, ninguém quer se responsabilizar pelo sofrimento alheio, mesmo que seja com um simples conselho. Isso foi bom, me tornou forte, consegui blindar meu coração para determinados sentimentos, pena não para todos os sentimentos.

Me sinto vivendo num deserto, andando sem rumo, sem água, sem forças, mas de repente, avisto um oásis incrivelmente belo, com frutos e água em abundância e todo cansaço é substituído por vivacidade e entusiasmo, a alegria é radiante, felicidade perfeita. O que vem depois todo mundo sabe, nada era de verdade, tudo ilusão.
Essa montanha russa de sentimentos e instabilidade de humor, não tem nenhuma graça, é irritante até para quem está próximo, pois gera uma espécie de pena e repugnância, pois julgam logo ser um fricote de quem tem muito, mas não valoriza.

Concordo, eu mesmo sinto isso por alguns, mas como todos dizem, eu digo: meu caso é diferente. Será?
Mas não quero convencer ninguém das minhas convicções e revoltas com o mundo e seu Comandante, mesmo porque, também tenho agradecimentos e admiração, e assim sigo sem graça, ora vivendo, ora sobrevivendo, mas sempre tentando... até quando? não sei.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Gordinho e fofinho

Pelo o título deste post, pelo menos dois amigos estão pensando que vou homenageá-los, por isso vou logo adiantando: Não, Bruno Botto, apesar de sua contribuição para este diário e claro, para minha vida, não estou falando de você. Não, Marcelo Vilar, não é mais um episódio da série "Tire Onda do Gordinho".

No post passado, fui indiretamente criticado por assistir e insistir num único desenho de animação (entendi tudinho dona Mayra), portanto farei uma breve e seletiva analise sobre um outro desenho, que não ouso chamar de infantil, intitulado Kung fu Panda.

Serei breve, pois falarei de uma única cena, onde um gordinho, fofinho, atrapalhado e desacreditado urso panda, ouve de seu mestre algo que mudará sua vida, uma frase que nunca havia lido nem nas minhas mais profundas buscas por pensamentos "motivacionais" em livros de auto-ajuda, segue:

Ontem é história, amanhã é mistério, Hoje é uma dádiva, por isso que é chamado presente.

Claro que o seu sentido é bastante comum, até mesmo no clichê (para alguns), embora ainda filosófico e místico "Carpe Diem". Mas confesso que ao ouvi esta frase fiquei sentido, pois estava completamente relaxado, esperando apenas diversão gratuita e inocente, mas recebo a dose certa no momento perfeito do que eu mais precisava, consciência de que existe algo além do que vejo.

Precisava que alguém me dissesse, mesmo que uma versão melhorado do Mestre Splinter (meu grande mestre na infância), que devemos, mesmo que por gratidão, fazer o melhor, aproveitar a vida, e no fim, devolver para Aquele que nos emprestou, uma vida íntegra, digna e honrada.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Você é um homem muito triste e estranho, morro de pena, adeus.

O título deste post é a resposta de Buzz, o patrulheiro espacial, à frase título do post passado dita por woody, o cowboy, ambos do filme de animação Toy Story.

Sinto ouvir essa frase diariamente, não com palavras, mas pelos olhares de alguns. Não posso condenar ninguém, de certa forma eles têm razão, não o tempo todo, mas na maioria do tempo eu mesmo me definiria assim, um homem triste e estranho.

Podemos discutir por horas se tenho motivos para isto ou não, mas não chegaríamos a lugar nenhum, pois dependeria do ponto de vista, da forma que se olha a vida e os problemas, copo meio vazio ou meio cheio.

Para Buzz, a resposta se dá pela insistência de Woody ao tentar convencê-lo de que ele não é o que ele piamente acredita ser, um patrulheiro espacial, responsável pela paz no mundo. Não acredito ser nada parecido com isso, mas sofro da mesma opressão, todos me dizem que não sou o que acredito ser.

Na ficção, ao descobrir que estava enganado acerca de sua identidade, Buzz sofreu muito, mas no fim, descobriu que sua nova "existência" era muito melhor que a antiga e foi feliz com ela. Digamos que estou na fase do sofrimento por descobrir que não sou aquilo que acreditei ser desde o princípio da minha vida e espero um dia poder me orgulhar dessa nova vida que tão bruscamente descobrir ter e ser tão feliz quanto.