sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Ranzinza e rabugento

Ouvir um destes sinônimos é bastante normal, na verdade, as vezes ouço os dois de uma “lapada” só. Muitos pensam que gosto deles e que me esforço para ser assim, gosto de fazer esse “tipinho”.

Mas não detalharei essa parte, pois me tornaria repetitivo, ranzinza e rabugento. E o título foi só pra chamar a atenção, pois o que quero expressar vai aquém dos adjetivos, falo de forças sobrenaturais.

To be continued...

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Com a melhor das intenções

Sem tempo, sem saco, sem inspiração, enfim, quase sem vida... Mas pra não deixar que as teias de aranha tomem conta deste espaço quase vazio, transcrevo abaixo a fala de Renato Russo em um show no meio da música Ainda é cedo.


Vocês querem saber por que essa história acabou?

Porque eu gosto muito de dar ordem. Se as coisas não estão do jeito que eu quero, eu mando aumentar a guitarra, mando abaixar a guitarra, mando fazer isso...

Mas isso você não pode fazer, principalmente no amor.

Eu nem sei direito o que que é o amor. E você não pode ter uma relação de força, de poder, sabe?! Tem que ser uma outra coisa...

E eu já sofri muito na vida por causa disso, sabia?!

Tanta gente já foi embora da minha vida por causa disso, porque eu sou mandão, sabe qual é?!

Com a melhor das intenções....

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Feliz, até demais.

Engraçado como o que escrevo aqui tem tanta importância para algumas pessoas, o mais interessante é que elas não comentam, acham que estarão se expondo. Não, pessoas, eu que estou me expondo, relaxem.

Pois bem, elas não comentam aqui, mas pessoalmente dizem que estão insatisfeitas com meus escritos, e que só vejo o lado ruim das coisas, acertaram.

Mas como sou bipolar e gosto de ironizar as coisas, ou expelir as pessoas de perto de mim, vou escrever sobre o lado bom e o quanto estou feliz, afinal, nem tudo são flores mortas na minha vida.

Criança feliz. Sim, fui uma criança feliz. Minha primeira bicicleta foi uma Caloi “Cecizinha” vermelha e usada. Para quem não sabe, esse modelo da Caloi é uma bicicleta de menina, e ainda era usada. Daí você imagina a satisfação da criança ao juntar-se aos seus amigos, todos equipados do mais novo modelo da Caloi Cross com pneu balão, paralamas da cor do punho e da cela. Enquanto você, com uma bicicleta pequena para o seu tamanho e de menina. Não preciso nem dizer que meus estimados coleguinhas zombavam de mim o tempo todo, né?

Um outro brinquedo que sempre quis ter, era uma bola de futebol de couro, e tive. Um dia bateu na porta um pedinte, que carregava consigo um saco de estopa grande e cheio de trecos, meu pai o recebeu e como não gostava de dar dinheiro por nada, por achar que poderia alimentar um vício, sugeriu comprar algo do pedinte, para configurar um negócio e não uma esmola (louvável essa atitude de papai), o sujeito tirou do saco uma bola de couro marrom, a cor era porque a bola já não tinha mais os gomos, restando apenas uma pequena película marrom (de grude) protegendo a câmera de ar. Também não preciso dizer que essa bola durou apenas 2 dias, né?

Tá, vou parar por aqui, pois essas histórias apesar de bonitas e felizes, com excesso, tornam-se chatas. Enfim, sou muito grato por isso, pois sei que ele fez para que me tornasse essa pessoa tão centrada, coerente e de personalidade tão, tão... assim sei lá (como me disse uma vez uma amiga), porque a questão não era falta de grana, para quem achou que fosse.

Por essas e outra que hoje sou tão feliz e transbordo alegria, simpatia, positivismo e fé. Obrigado pai e obrigado Pai.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Ainda aqui

Já não vejo muito sentido nesse blog pelo seu título. Pois enfermidade física é penosa, triste, pros outros. Ver os parafusos sobressalentes no tornozelo alheio é uma experiência nova, tirando a aflição que dá. Mas quando se trata de problemas sentimentais, espirituais, ou até, sobrenaturais, tudo perde a graça, julgam logo como frescura de quem não tem nenhum motivo para reclamar da vida. Fácil falar da vida dos outros.

Há tempos tenho falado apenas desse tipo de problema, claro que muitas vezes os problemas são temporais: sofro, logo escrevo. Mas depois da larica, tudo volta ao normal, lembro que o normal para alguns, pode não ser tão lindo e maravilho. Porém, percebi que perdi uma grande audiência ao falar desses assuntos. Se antes tinha 3 leitores, sendo 2 deles comentaristas, hoje tenho nenhum, isso mesmo, absolutamente nenhum.

Apesar de pré-depressivo, sempre negativo e adorar uma fossa, vejo algo positivo nisso, posso falar sobre o que tantos criticam, sobre o que me dá uma alegria melancólica e amarga, a tristeza comum de uma vida normal.

Enfim, tudo isso foi apenas pra dizer que, mesmo que ninguém leia, ou não se interessem, estarei aqui, alimentando esse diário, que por mais que me digam o contrário, pertence a um enfermo. Se tenho cura? Não sei, mas viver procurando é uma forma de dá sentido e motivação a essa vidinha...

terça-feira, 29 de junho de 2010

Chega de opressão: Quero viver a minha vida em paz

Meu último post, em maio (é, faz tempo, vou tentar manter esse antro de devaneios tolos traduzidos em baboseiras, atualizado), terminei citando uma música de Legião Urbana.

Nesse fiz diferente, comecei citando Vamos fazer um filme, outra música de Legião Urbana, e falar que adoro essa música, é redundante, pois sou daqueles fãs bitolados, que gosta de tudo da banda (pelo menos só sou assim com Legião e acho que é uma boa escolha).

A opressão citada, na minha interpretação, não vem de fora, vem de dentro. Eu mesmo imponho, oprimo, limito minha felicidade, minha paz.

E é justamente isso que não admitirei mais que aconteça. Sabe como?

Lutando contra minha própria insanidade, aquela parcela de pensamentos e sentimentos que chegam sem permissão e nos fazem sofrer, chorar ou coisa pior. Descartar esses sentimentos ou pessoas que não contribuem efetivamente para nossa felicidade é um meio tangível de encontrar a paz, mas não podemos delegar essa função a ninguém, a culpa de tudo na vida, é da vida, portanto, se a vida é sua, se não está feliz, mude.

Faz o que tu queres, pois é tudo da lei! Raul Seixas

Mais uma citação de outro herói, um cara real, de carne e osso, que sofreu, que curtiu sua loucura e que deixou em frases (muitas vezes sem sentido pra mim) um ensinamento único.

É por isso que temos que viver, e não ter a vergonha de ser feliz (Gonzaguinha).

Pra terminar essa “clipagem” de músicas, Ivan Lins e Vitor Martins em Vitoriosa.

Quero sua risada mais gostosa
Esse seu jeito de achar
Que a vida pode ser maravilhosa...

Quero sua alegria escandalosa
Vitoriosa por não ter
Vergonha de aprender como se goza...

Quero toda sua pouca castidade
Quero toda sua louca liberdade
Quero toda essa vontade
De passar dos seus limites
E ir além, e ir além...

Quero sua risada mais gostosa
Esse seu jeito de achar
Que a vida pode ser maravilhosa
Que a vida pode ser maravilhosa...

Quero toda sua pouca castidade
Quero toda sua louca liberdade
Quero toda essa vontade
De passar dos seus limites
E ir além, e ir além...

Quero sua risada mais gostosa
Esse seu jeito de achar
Que a vida pode ser maravilhosa
Que a vida pode ser maravilhosa...

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Sem remo, sem rumo

Nada de novo, mas parece que o novo não tem nada demais.

Só sei que sinto saudades do mar, de ser levado sem compromisso ou responsabilidade, a única preocupação é respirar, para manter aquele momento duradouro.

Como é simples ser um náufrago, é esperar por resgate até que a luz se sobreponha a todo o resto, que fique tão forte e clara que me faça tontear e cair, logo vem “o suspiro” e o escuro.

Por que é tão difícil viver, logo que para isso bastar nascer, sem escolher, sem conceder, sem nem por que?

Estranho é herdar objetivos, metas e deveres sem antes saber os direitos, sem receber ferramentas, subsídios que nos ajude a seguir.

Enfim, estar vivo é mais que sobreviver, mas sobreviver nem sempre me mantêm vivo.

“É o mal que a água faz quando se afoga” - Legião Urbana

terça-feira, 27 de abril de 2010

Quase lá

Estou quase lá. Que bom (imaginem a velhinha do pânico).


Pois é, o problema é que estou quase lá faz tempo, uns 27 anos. Mas nunca chego lá. Consigo chegar mais perto, bem próximo, claro, a base de muita porrada e sofrimento, mas quando deveria chegar a hora da recompensa, acontece alguma desgraça.

Esperei seis meses para enfim da entrada nos processos do acidente e olha que notícia boa, só terei a primeira audiência em 2011, quer dizer, daqui a pouco o responsável pelo acidente morre de velhice e não paga o que deve, que bom.

Agora preciso urgentemente fazer uma cirurgia para retirar a placa e vejam só, o plano não cobre, se for pro SUS farei a cirurgia depois da audiência (2011) e particular, obviamente não posso, pensei em rifar alguma coisa, mas nem as muletas são minhas.

Tá bom, eu choro demais, né? Mas vem você então ficar no meu lugar, beleza?! Brincadeira.

Entenda isso como desabafo e não resmungo (dá no mesmo, eu acho.)

Bom, estou sem tempo e sem criatividade, portanto esse provavelmente será o meu melhor post, pois quanto menos escrevo, menos erros cometo e menos tristes deixo vocês com essa minha infindável lamentação, que por certo, nem tenho direito de expressar.

Até os próximos capítulos e não se preocupem, estou quase lá.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Inspiração da desgraça

Calma, o título parece um pouco forte, mas é só drama.

O vídeo abaixo é de uma música que fiz poucos dias depois do acidente, quando estava completamente dependente e incapaz. Segue também a letra, para quem quiser acompanhar, já que dificilmente vocês conseguirão traduzir o que estou dizendo, pois além de ser um péssimo cantor e tocador, ter uma dicção horrível, o som estava uma merda.



Acidentalmente
(Gabriel Ramalho)

Adormeci no asfalto quente
Como o sol nascente
Desejando um dia paz

Acordei com uma vida diferente
Revendo tanta gente
Até quem eu não lembrava mais

Agora tento participar
Dos planos que eu nunca fiz
Por não ter forças para lutar

Queria uma chance para mudar
Fazer o que eu sempre quis
E conseguir me libertar

Não posso mais viver uma vida assim num calabouço
Eu tenho que lutar e parar de pensar tanto nos outros
E assim vou conseguir, até ser feliz, quem sabe um pouco
E vou até insistir, nunca desistir, nem mesmo morto.

Desejei que algo mudasse de repente
Como uma chama ardente
Me lembrando o tempo que faz

Condenei os pensamentos da minha mente
A fé anda tão ausente
Que esqueço até que ainda sou capaz

Agora peço pra esperar
Enquanto eu estou aqui
Sozinho, tentando me encontrar

Queria sua ajuda para mudar
O destino que eu escolhi
Por medo de me machucar

Não posso mais viver uma vida assim num calabouço
Eu tenho que lutar e parar de pensar tanto nos outros
E assim vou conseguir, até ser feliz, quem sabe um pouco
E vou até insistir, nunca desistir, nem mesmo morto.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Sobre isso e aquilo outro

Meus milhares de poucos leitores podem até achar que desvirtuei do objetivo deste blog, mas digo que não, intitulei como diário justamente para ter a liberdade de expressar o que quiser, ficando isento de qualquer explicação.

Mesmo assim, digo que mantive o foco na vida de um enfermo, logo que sofro de várias enfermidades, principalmente a espiritual.

Sempre fui bastante fechado, pouco comento sobre minha vida e minhas experiências (principalmente as tristes) e confesso que estou gostando de externar tudo isso, mesmo que deixando tão exposto e sem saber quem está lendo.

Contudo, como sei que grandes e fiéis amigos lêem este blog, para de certa forma se manter informado de como estou me recuperando deste acidente, falarei um pouco sobre.

Estou me recuperando bem (calma que eu detalho esse "bem"), aparentemente ando como uma pessoa comum, pelo menos nos primeiros 5 minutos. O que acontece é que tenho constantes dores no calcanhar esquerdo, onde fraturei, mas segundo o médico e o raio-x, não existe mais a fratura e segundo este especialista, a dor é normal (estranho, né? a dor ser normal).

A outra fratura também está curada, porém tenho certa limitação no movimento do tornozelo, que segundo o mesmo especialista, só posso melhorar esse movimento retirando a placa e os parafusos (que estavam ali apenas para segurar o osso no lugar certo, enquanto o corpo "soldava" o mesmo) e retomando a fisioterapia, desta vez, mais intensa que antes.

Até o dia de hoje (13), não recebi um "puto" do (in)responsável pelo acidente e tudo que precisei fazer foi por conta própria (na verdade, com ajuda dos parentes mais próximos, aqueles que não sumiram depois do acidente), várias consultas, 10 sessões de fisioterapia, vários raios-x e o translado de casa para o hospital, clínica, etc. A partir deste mês melhorou, pois agora tenho plano de saúde (recomendo a todos).

Tenho direito de receber o seguro obrigatório em caso de acidentes de trânsito, o famoso DPVAT, porém para chegar até o pote de ouro, há uma jornada épica, onde muitos são vencidos pelo cansaço.

Até que eu estava indo bem, fiz um exame há 90 dias no IML para atestar minha debilidade de caráter permanente (a dor constante e a limitação de movimento, me impedem de levar uma vida "normal"), porém neste primeiro exame, o perito achou cedo para dar esse “veredicto” e pediu que eu retornasse 90 dias depois.

Deveria ter voltado lá semana passada para fazer este exame, inclusive, até meu traumatologista me deu esse atestado, o que torna ainda mais fácil que a perícia do IML chegue a mesma conclusão (que é óbvia), mas meu Advogado, sumiu, escafedeu-se, farrapou, não apareceu, me deixando a míngua.

Não foi por falta de aviso, passei todos os dias da semana que antecedia o exame entrando em contato e alertando da data, mas como na minha vida (eu choro mesmo) tudo é mais complicado (as vezes impossível), terei que esperar.
Ainda não sei como nem quando farei novamente este exame, mas só depois dele, poderei enfim dar entrada no seguro e aguardar uns 8 meses, se tiver sorte, por algum trocado.

O mesmo processo serve para a ação contra o filho DE mãe de motorista de ônibus da linha 101 Grotão.

UPDATE: Sei que pareceu confuso, mas só quis dizer que o responsável pelo acidente e o motorista de ônibus desta linha, são filhos de R#$%*#$%#.

Quer dizer, tudo girava em torno deste exame, portanto ele era a coisa mais importante do mundo para mim (para ele também, já que ficará com uma apetitosa fatia do bolo), mas ele esqueceu ou priorizou outra coisa. Assim que tiver novidades a respeito, atualizo aqui, afinal, comedia da vida real (e dos outros) é sempre atrativa, não é mesmo?

Enquanto isto, continuo andando de ônibus e rejeitando ligações dos credores, já que eles não gostam nem acreditam nas minhas histórias tristes. Inclusive, se tiver algum lendo isso, peço paciência, o aleijado vai pagar todos vocês, quer dizer, eu acho que sim.

P.S. Prezado Advogado, se por ventura estiver lendo isto, Aconselho: Se quiser mudar de profissão, acredito que se dará bem como motorista de ônibus da linha A101 Grotão – João Paulo II.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Cadê a graça?

Nem na minha pior fase depressiva e decrépita, senti tanta ânsia pela morte. Nem mesmo quando passava os dias trancado no quarto ouvindo incessantemente Legião Urbana, mas precisamente Clarisse, a faixa 6 do álbum Uma Outra Estação, tomando vinho e o que tivesse pela frente, marcando o corpo com uma tesoura de tamanho médio e cabo amarelo e desejando que entre um corte e outro, atingisse "sem querer" uma véia fatal e ali pudesse ver o mundo em preto e branco, como nos filmes onde o espírito sai vagando sem rumo.

Raspar a cabeça com uma gilete velha, sair de casa e voltar alguns dias depois com cicatrizes ainda maiores, não me trouxeram nada de bom, pelo contrário, me distanciava cada vez mais do meu objetivo, que era chamar a atenção. Essa era minha forma de gritar pros quatro cantos que eu não estava bem, que os erros dos outros estavam afetando minha vida e precisavam parar de cometê-los ou mais pessoas sofreriam com aquilo, mas não, conquistei mais desprezo, mais indiferença e fui me tornando um ser inquieto, esquisito e cada dia mais ensimesmado.

Permiti que pouquíssimos amigos tomassem conhecimento, mesmo que parcialmente, da minha história e logo depois, os via se afastando ou eu os afastava, ninguém quer se responsabilizar pelo sofrimento alheio, mesmo que seja com um simples conselho. Isso foi bom, me tornou forte, consegui blindar meu coração para determinados sentimentos, pena não para todos os sentimentos.

Me sinto vivendo num deserto, andando sem rumo, sem água, sem forças, mas de repente, avisto um oásis incrivelmente belo, com frutos e água em abundância e todo cansaço é substituído por vivacidade e entusiasmo, a alegria é radiante, felicidade perfeita. O que vem depois todo mundo sabe, nada era de verdade, tudo ilusão.
Essa montanha russa de sentimentos e instabilidade de humor, não tem nenhuma graça, é irritante até para quem está próximo, pois gera uma espécie de pena e repugnância, pois julgam logo ser um fricote de quem tem muito, mas não valoriza.

Concordo, eu mesmo sinto isso por alguns, mas como todos dizem, eu digo: meu caso é diferente. Será?
Mas não quero convencer ninguém das minhas convicções e revoltas com o mundo e seu Comandante, mesmo porque, também tenho agradecimentos e admiração, e assim sigo sem graça, ora vivendo, ora sobrevivendo, mas sempre tentando... até quando? não sei.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Gordinho e fofinho

Pelo o título deste post, pelo menos dois amigos estão pensando que vou homenageá-los, por isso vou logo adiantando: Não, Bruno Botto, apesar de sua contribuição para este diário e claro, para minha vida, não estou falando de você. Não, Marcelo Vilar, não é mais um episódio da série "Tire Onda do Gordinho".

No post passado, fui indiretamente criticado por assistir e insistir num único desenho de animação (entendi tudinho dona Mayra), portanto farei uma breve e seletiva analise sobre um outro desenho, que não ouso chamar de infantil, intitulado Kung fu Panda.

Serei breve, pois falarei de uma única cena, onde um gordinho, fofinho, atrapalhado e desacreditado urso panda, ouve de seu mestre algo que mudará sua vida, uma frase que nunca havia lido nem nas minhas mais profundas buscas por pensamentos "motivacionais" em livros de auto-ajuda, segue:

Ontem é história, amanhã é mistério, Hoje é uma dádiva, por isso que é chamado presente.

Claro que o seu sentido é bastante comum, até mesmo no clichê (para alguns), embora ainda filosófico e místico "Carpe Diem". Mas confesso que ao ouvi esta frase fiquei sentido, pois estava completamente relaxado, esperando apenas diversão gratuita e inocente, mas recebo a dose certa no momento perfeito do que eu mais precisava, consciência de que existe algo além do que vejo.

Precisava que alguém me dissesse, mesmo que uma versão melhorado do Mestre Splinter (meu grande mestre na infância), que devemos, mesmo que por gratidão, fazer o melhor, aproveitar a vida, e no fim, devolver para Aquele que nos emprestou, uma vida íntegra, digna e honrada.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Você é um homem muito triste e estranho, morro de pena, adeus.

O título deste post é a resposta de Buzz, o patrulheiro espacial, à frase título do post passado dita por woody, o cowboy, ambos do filme de animação Toy Story.

Sinto ouvir essa frase diariamente, não com palavras, mas pelos olhares de alguns. Não posso condenar ninguém, de certa forma eles têm razão, não o tempo todo, mas na maioria do tempo eu mesmo me definiria assim, um homem triste e estranho.

Podemos discutir por horas se tenho motivos para isto ou não, mas não chegaríamos a lugar nenhum, pois dependeria do ponto de vista, da forma que se olha a vida e os problemas, copo meio vazio ou meio cheio.

Para Buzz, a resposta se dá pela insistência de Woody ao tentar convencê-lo de que ele não é o que ele piamente acredita ser, um patrulheiro espacial, responsável pela paz no mundo. Não acredito ser nada parecido com isso, mas sofro da mesma opressão, todos me dizem que não sou o que acredito ser.

Na ficção, ao descobrir que estava enganado acerca de sua identidade, Buzz sofreu muito, mas no fim, descobriu que sua nova "existência" era muito melhor que a antiga e foi feliz com ela. Digamos que estou na fase do sofrimento por descobrir que não sou aquilo que acreditei ser desde o princípio da minha vida e espero um dia poder me orgulhar dessa nova vida que tão bruscamente descobrir ter e ser tão feliz quanto.

terça-feira, 30 de março de 2010

Você é um brinquedo de uma criança

O título deste post é a frase dita por "Woody", o cowboy, para "Buzz", o patrulheiro espacial, ambos do filme de animação Toy Story. Sempre ouvi a frase, mas nunca atentei para a mensagem que havia nela. Só após mergulhar no profundo da alma, pude reparar que tenho uma incumbência, uma obrigação, um privilégio, ser o brinquedo de uma criança. Um brinquedo ora lúdico, ora didático, mas um brinquedo, que tem a obrigação de alegrar, educar, cuidar, proteger, e principalmente amar uma criança.

Esse cargo é tão importante, que deixa qualquer problema insignificante, e é triste saber que esqueci isso por alguns dias. Mas eis que chega um grande pequeno homem, dá uma tapa na minha cara e diz: “Dorme não papai. Vem bincar comi. Quer tabaiá no teu contador. Vamu tocá iolão, papai? Limpa mim, papai, tem cocô. Vamu bincar de garra, papa? Onde tá meu woodhi, buzzi, frajoli, pinoqui, furca, iponja?”. Bom, não vou traduzir, quem tem filhos consegue falar "criancês" e entendeu tudo, quem não, mas pretende, aguarde sua hora.

É incrível como uma pequena bola de carne, branca e peluda (essas especificações, podem variar de criança para criança) pode ser tão chata, tão pentelha, e ainda assim ser tão agradável, pelo menos adoro ter esse trabalho, esse fardo (para alguns).

Parece ser um pensamento clichê, mas acho que o meu filho é o mais lindo, inteligente, forte, esperto, bonito, alto, saudável, gostoso, maravilhoso, grande, sabido, simpático, charmoso, legal e bondoso de todo o mundo (sem redundância) e isso me deixa orgulhosamente feliz, e acompanhar seu crescimento, ou melhor, participar do seu crescimento está me tornando alguém mais ameno, talvez até agradável de conviver, será?

A gratuidade e sinceridade do amor de uma criança são incríveis, ela não está atrás de conforto, de facilidades. Por mais que você o encha de presentes, ao passar o frenesi, ela vai desejar os braços dos pais. Ela não quer saber se vai andar de ônibus e comer “cream cracker“ com “ki-suco” ou andar de carro do ano, tomar ovomaltine e leite com pêra, ela quer estar ao lado de quem ama. O patrimônio de uma criança são as pessoas e não os brinquedos.

Claro, é hipocrisia dizer que elas não gostam de luxo, que não vão desejar um carrinho de controle remoto, mas confesso uma coisa, eu tive carrinhos de controle remoto, melhor, tive aviões de controle remoto, mas sinto uma decepção tremenda por um dia meu pai ter se negado a fazer uma pipa pra mim, enquanto os meus amiguinhos (que não tinha carrinhos, nem aviões de controle remoto) estavam felizes e satisfeitos com brinquedos feitos de palitos de palha de coqueiro, papel de seda, cola branca e linha 10 (tá aí os ingredientes para confecção da pipa, pra quem já deu um carrinho, mas nunca parou para brincar com o seu filho).

Desejo do fundo do meu coração que consiga amar como uma criança, com toda essa sinceridade e gratuidade, que deixe de colecionar as coisas erradas, de desejar conforto e efemeridades, enquanto os pequenos e simples momentos que realmente importam, passam despercebidos e quando acorde, esteja inundado de coisas, bens materiais, lambuzado e impregnado do preço pago por tudo aquilo, mas infeliz, pensando em como seria minha vida se tivesse enfrentado o mundo pelo o que achava certo, o amor.

domingo, 28 de março de 2010

Arrependimento

Não tenho mais quem culpar, acho que já usei todos, e com isso, consigo me afastar deles, dos que verdadeiramente me amaram. Hoje, como em todos os outros dias, não consegui pensar com sanidade, nem ao menos com gratidão e me precipitei, cometi mais um erro, ato tão comum na minha vida, que já desacredito se poderei um dia fazer a coisa certa.

Tenho tanta pena de mim que me odeio por isso, pois sempre julguei o resultado da minha vida como produto do meio, mas não sei se estou certo, se a culpa disso tudo não foi única e exclusivamente minha, da minha falta de atitude, ou o excesso dela (de forma prematura e inconsequente).

Odiei as pessoas erradas, amei as pessoas erradas, me dediquei a quem quis me usar e negligenciei que queria apenas minha atenção, não consigo ver o óbvio, minha hereditária decepção com a vida e as pessoas me cegou, só tenho ódio, angústia e dor dentro de mim, mas sinto que não tenho motivos pra tudo isso.

Talvez se pudesse ver as coisas, a vida, as pessoas com clareza, enxergasse uma vida boa, pelo menos razoável. Mas pelo contrário, só me lamento por estar onde estou, por ser quem eu sou. Sempre achei que deveria estar em outro lugar, ser outra pessoas, pois se “outros” não tivessem cometido alguns erros, tudo seria diferente.

Sinto inveja de quem teve um pai presente e carinhoso, eu não tive. Sinto inveja de quem perdeu o pai cedo, mas pode ao menos se beneficiar do que ele deixou, eu não pude. Sinto raiva de quem valoriza as coisas e não as pessoas, mas acho que só sinto isso, porque só tenho as pessoas (pelo menos aquelas que não cobram nada por isso).

Sinto um arrependimento tão grande pelas coisas que faço, que acho que já dei vida a ele, que é esse ser, o “arrependimento”, que me visita, me causa dor, me maltrata e me faz maltratar as pessoas com minha teatral dureza e frieza, quando na verdade sou um poço de sentimentalidades baratas, um homem que chora escondido como a mais manhosa das crianças, mas não tem coragem de revelar a ninguém.

Por falar em arrependimento, já estou extremamente arrependido de ter escrito isso, pois por mais que saiba que poucas pessoas (mais importantes) lerão, farei com que sintam pena de mim, e a pena é um sentimento ardoroso, pontiagudo e impiedoso, que me deixará ainda mais triste, rancoroso e infeliz.

sábado, 27 de março de 2010

O Manto negro

Me vestir do obscuro, do trágico, do fim do mundo. Um manto negro que cobre toda minha existência e me faz olhar apenas para mim mesmo. Vejo todos os erros e todos os errantes, que de alguma forma permiti que arrancassem um pedaço de mim.

Me enclausurei na minha própria sobra, esta densa, como um fardo a carrego para nunca esquecer que o sofrimento é um opção, pois a morte e a sorte são primas tão apegadas, que a falta de uma leva a outra. Mas só uma pode ser forçada, preciso fazer minha escolha...

Nesta minha particular caverna, recebo constantes visitas, um ser horrendo, uma mistura de todos os desenhos feitos para inimigo dos céus, o derradeiro anjo caído que vive nas trevas, e assim como podem imaginar não é uma visita amistosa, mesmo que ele sempre estenda sua mão (se é que podemos chamar aquilo de mão).

Neste momento ouço apenas sua respiração ofegante como de um animal assustado, sinto frio enquanto transpiro e tento me livrar das amarras, pois sempre que ele aparece fico preso, completamente paralisado. As vezes ele se mantém distante, outras se aproxima tanto que me sinto fraco, como se a vida estivesse ficando pra trás.

Não posso gritar, correr, e isso é agonizante. As vezes, decido desistir de lutar e me entrego, mas quando começo a sentir o seu abraço contorcer os meus ossos e a minha respiração falhar, volto a lutar e acordo do sonho que por vezes desejei ter.

Nesta introspectiva odisséia, onde luto com meus próprios monstros, não consigo achar o caminho de volta, por mais que mude de direção estou sempre perdido, coberto pelo manto negro.

sexta-feira, 26 de março de 2010

A força do pensamento

Muitos afirmam que o pensamento tem um enorme poder sobrenatural, que emana uma energia espiritual capaz de realizar tarefas inexplicáveis. A neurociência comprovou o poder do pensamento numa experiência que consistia em estimular um pensamento de um macaco para que sua atividade cerebral fosse capaz de emitir energia suficiente para mover um robô.

Entretanto, eu discordo. Nunca desejei ser um fracassado, um perdedor, um insignificante ser que pouco é lembrado pelos outros, no entanto, eis-me aqui. Nada além de um pó de gente, um caquinho de homem, um medíocre ser que tenta não cometer pecados, os capitais pelo menos, tenta não causar mal aos outros, tenta ter o mínimo de dignidade, mas que não ver relevância nisso, pois nada ganha em troca.

Não que espere pelo destino ou não deseje de forma tão intensa quanto os vencedores, pois sei sentir, desejar e pensar de forma tão insana, que meu corpo reage aos estímulos, mas o mundo não. Nunca ganhei nada em toda minha vida, a não ser que fosse negativa ou que já tivesse prometido pra alguém. Tudo na minha vida tive que lutar pra conseguir e muitas vezes não valeu a pena, foi muito suor pra pouca recompensa.

Cheguei a desistir de pensar fixamente nas coisas e só me distanciar delas, daí comecei a desejar negativamente, cobicei a dor e principalmente a morte, planejava cada detalha do suposto assalto que sofreria na próxima esquina, a reação, o tiro, o óbito. Passei a ver a morte em tudo, as vezes até sentia sua presença, mas não seu implacável sobro. Essas fases não duravam muito, sempre voltava a ser o bom moço, em vão, claro.

Portanto, na minha vida não há nenhuma prova que o pensamento tem força ou exerce algum poder sobre nós, pois nem o acidente que sofri foi fruto do desejo, pois naquela época não desejava nada disso, e se foi a realização de um desejo a partir de um pensamento retardatário, porque logo esse? Antes de qualquer pensamento ruim, tive inúmeros bons, mas não vou começar com as dúvidas, pois assim como as desgraças, são meus maiores fantasmas.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Música Inspiradora

O aleijado (mais espiritual que físico) não escreveu nada novo, porém senti a vontade de deixar uma música, a que estou ouvindo repetidas vezes neste momento.

A letra é incrivelmente inspiradora e sua melodia me faz quase ter coragem de cometer o maior gesto de covardia. Apreciem..

Para ouvir a música, clique aqui.

Para ler a tradução, aqui.

Hurt (Johnny Cash)

I've hurt myself today
to see if i still feel.
I focus on the pain,
the only thing thats real.

The needle tears a hole;
the old familiar sting,
try to kill it all away,
but I remember everything.

(Chorus)
what have I become,
my sweetest friend?
Everyone I know,
goes away in the end,

and you could have it all:
my empire of dirt,
I will let you down,
I will make you hurt.

I wear this crown of thorns
upon my liars chair:
full of broken thoughts,
I cannot repair.

Beneath the stains of time,
the feelings dissapear.
You are someone else,
I am still right here.

What have I become,
my sweetest friend?
Everyone I know,
goes away in the end,

and you could have it all:
my empire of dirt.
I will let you down,
I will make you hurt.

If I could start again,
a million miles away,
I will keep myself,
I would find a way.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Balancete Trimestral

Diante o problemático cenário sócio-sentimental-econômico, me encontro em declínio, no limiar de qualquer margem de estabilidade comportamental. Digo mais, há um considerável déficit de Deus em meu almoxarifado coração, potencializado pela falha na execução de projetos que visam contribuir com o centro de custo da felicidade.

Claro que nem tudo está no crítico patamar melancólico do desespero, há ainda poucas, mas proveitosas reuniões lúdicas com o pequeno colaborador, um jovem aprendiz que temo por seu futuro, pois seu exemplo de liderança está cada dia mais negativo.

Se pudesse demandar de todo o meu tempo para partilhar com ele minhas experiências e principalmente agregar valor na sua principiante jornada, mas o inflacionário e corrupto destino, cobra com juros estratosféricos tudo que tenho conquistado de bom.

Abrir falência desta medíocre instituição, já deixou de ser opção. Mais que uma alternativa, hoje, é uma necessidade ímpar para que seu fracasso não termine gerando um efeito dominó, atingindo empresas ainda em potencial desenvolvimento.

Os gráficos mostram que para cada meta batida, houve uma perda exorbitante de mão de obra familiar e principalmente de matéria-prima sentimentos, tornando os indicadores mensuráreis com um escore “abaixo da média”. Não há resiliência que supere as sequeles e traumas causados a estrutura corporativa da alma.

Mesmo que num enfoque sistêmico eu tente flexibilizar os vínculos e os afetos que me rodeiam, de longe o que se ver é uma situação de risco, onde a desintegração psíquico-emocional me faz perder a habilidade de controlar impulsos e adentre num ciclo vicioso de atos falhos.

A promiscuidade monopoliza o comércio de juras de amor, valorizando as efemeridades. Com isso, transforma qualquer suposto ponto de equilíbrio em uma armadilha voraz, pronta para abalar qualquer estrutura organizacional e gerando, consequentemente, um apatia pelas tomadas de decisões, por mais que pareçam factíveis.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Quem sou eu?

Li hoje a seguinte passagem:

A veste de um homem, seu sorriso e seu andar revelam o que ele é.
(Eclesiates 19,30)

Logo penso, Deus quis me despir na marra, pois sorrir já era dificil, e agora com toda essa desgraça na minha vida, fudeu. Pois além de não gostar, não ter motivos para sorrir, agora meu andar é manco, capengo, estranho, esquisito e - adoro essa - engraçado.

Portanto, pergunto: Quem sou eu?

Mas tentarei fazer o caminho inverso, ou o mesmo caminho, sei lá. Consertarei a moto, e passarei no local do acidente todos os domingos as 2 horas da tarde (dia e hora do acidente), quem sabe não encontro o mesmo carro, fazendo a mesma manobra e consiga voar novamente, e melhor, quem sabe ao concluir o vôo não esteja curado, sanado, melhorado, otimizado, desmetalizado, abiscoitado, quem sabe até catequizado, canonizado e por fim: morto.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Coletivo e Involuntário

Vida de aleijado não é mole não, mas confesso que uma das coisas que mais sinto falta desde o acidente, não é a firmeza nas pernas, poder saltitar como uma gazela enlouquecida num bosque verde e fictício, daqueles que só tem em filmes de sessão da tarde e nem é dançar o rebolation tion, e sim, ter a liberdade de ir e vir com minha moto (a viúva negra) para onde quiser, sem ser obrigado a participar de um sarro coletivo dentro de um ônibus (para os mais jovens, sarro, neste contexto, é quando duas pessoas esfregam seus corpos, mas precisamente "aquelas" partes), digo mais, coletivo e involuntário (para a maioria pelo menos).

Aproveito e relato como são meus dias dentro de um coletivo.

Para se ter uma idéia, tenho que acordar uma hora e meia mais cedo para não chegar atrasado no trabalho, e mesmo assim as vezes ainda chego. Tomo banho e preparo o café, que só tomarei no trabalho, assim ganho tempo. Vou para o ponto de ônibus esperar o bendito, que demora aproximadamente 30 minutos para chegar, não importa a hora que eu chegue no ponto, sempre espero 30 minutos, parece até que ele fica parado na esquina esperando passar 30 minutos para aparecer.

Quando chega que olho pra janela, não consigo ver nem o outro lado, não passa nem um raio de sol, mas sou obrigado a entrar nele, pois n posso esperar mais 30 minutos (e quando espero, parece q é o mesmo ônibus que faz a volta e vai pra esquina esperar o tempo passar). Com muito esforço consigo chegar no miolo, no meio, no centro das atividades sísmicas do ônibus. Onde além do rala-rala, esfrega-esfrega (parece música sertaneja), acontece as mais absurdas bizarrices do mundo, como fecundação, furto, brigas, fofocas (adoro as fofocas), assassinato, paquera, comércio informal, sessões espíritas e do descarrego, serestas (graças aos celulares com MP3), etc.

As vezes acontece tudo ao mesmo tempo e geralmente todos participam, não importa sua vontade, lá você participa de todo jeito. Como poucos percebem que sou portador de necessidades especiais e os que percebem não se importam, neste momento o objetivo é achar um lugar onde consiga pisar no chão com a totalidade dos meus pés e uma vaguinha na barra de ferro para minhas mãos, assim garanto minha segurança quando começar o "Bus-rally" ou a "Formula Bus", pois realmente é o que parece as vezes, os motoristas sem noção dirigem como se estivéssemos no parque de diversões.

Quando penso que as coisas não podem piorar, pois já estou atrasado, levando cotovelada e bolsada sempre que alguém passa, transpirando naquele abafado e malhando para me manter no mesmo lugar. Sempre aparece alguém muito fedorento e pára a meu lado, pior, levanta os braços e acaricia meu rosto com seus pelos “axiliais”. Deus, como alguém pode está fedendo às 6 horas da manhã?
De repente me vejo todo amassado, suando, levando escorões, respirando com dificuldades pela falta de ar e pela pressão na caixa torácica pelo amontoado de gente e agora tendo uma overdose de odores desagradáveis, não aguento e começo a passar mal, enjoar, calafrios.

Nesta hora começa uma ânsia de vômito, sintomas de diarréia, me encontro numa situação delicada e sem muito tempo para pensar, decido aliviar um pouco a pressão, soltando uma singela bufa, fico na pontinha dos pés, seguro com mais firmeza a barra, olho em direção ao sol para justificar a careta e faço força... pronto, foi.
Alívio imediato, sensação de realização total, feliz embora ainda esteja ali. Depois que a sensação de alívio passa, começo a sentir novamente a realidade, e percebo uma nova sensação, como se uma gotícula de suor estivesse escorrendo pelas minhas pernas, danço uma gafieira na tentativa louca de esmagar aquela gota entre as pernas, pois é agonizante sentir aquilo fazendo rapel na sua coxa, mas depois de duas músicas, consigo.

Passado 50 minutos, chego ao meu destino. Vou para o banheiro tentar me recompor, pois além de está amassado, molhado de suor, exalando uma catinga que não me pertence e com as pernas molhadas de suor, descubro que o que escorreu pelas pernas não foi suor, eu defequei.

Sem condições de trabalhar daquele jeito, volto para o ponto de ônibus e imaginem... lá está o mesmo ônibus parado na esquina, esperando os 30 minutos...

terça-feira, 2 de março de 2010

Deficiência Comportamental

Sofri um acidente que me deixou "paralítico" por 2 meses, cadeirante por quase um mês e andando de muletas por 25 dias. Hoje consigo andar sozinho e se me esforçar bastante ninguém percebe minhas limitações, pelo menos nos primeiros 20 minutos. Mas graças a Deus, a mim ou a Renato Russo (Cada um escolhe um desses para acreditar), consigo ter quase uma vida normal.

O engraçado é que comecei a perceber que apesar da significativa melhora, estou cada dia mais deficiente, não físico ou mental, mas comportamental. Estou Levando uma vida inerente à própria solidão, me fantasiando de gente para me misturar ao grupo, mas visto por dentro uma carapuça sombria e esquisita, que traz a tristeza, o rancor e a morbidez como sentimentos primários.

Hoje, sou mais do que nunca um portador de necessidades especiais, e das necessidades mais especiais do mundo, a alegria, a felicidade, o amor. Necessidades que vão além das limitações do homem, andar, falar, ouvir, são limitações pequeninas quando se tem a chama de viver dentro de si, mas o que tenho não passa de uma fagulha, algo tão singelo que as vezes nem sei se existe e desisto. Mas logo vem um sopro e me faz lembrar como foi bom o que eu nunca vivi, mas imaginei que vivi.

Não é difícil transformar essa faísca em algo mais fogoso, basta me tratar da deficiência comportamental, valorizando as pessoas que gosto e, sobretudo, satisfazendo meus desejos sinceros e imparciais, que só trarão o bem para o meio em que vivo e especialmente para mim.

Essa parte é fácil, basta eu imaginar o que me deixaria alegre, feliz, seja fazendo alguns cursos, listo: Libras, Teatro, Idiomas, Artes Plásticas, Música. Seja fazendo coisas triviais, mas que tem sua parcela de satisfação, como: cinema, jogos de tabuleiro com os amigos, passeio na praia, zoológico, etc. O melhor é que todas as opções de tratamento para essa deficiência são factíveis, acessíveis, salutares e na sua maioria podem ser realizadas em grupo, o que é melhor, pois como dizia o poeta "Rauzito", sonho que se sonha só é só um sonho, mas sonho que se sonha junto é realidade.

Claro que tudo fica mais fácil na teoria, e que como todo tratamento, é preciso que o enfermo aceite e se dedique, mas acho que estou indo bem, pois ao escrever toda essa baboseira, precisei reconhecer que estou doente e que a cura está primeiramente dentro de mim, e que se do poço eu só conheço o fundo, é porque nunca olhei para cima, é porque nunca estiquei o braço e busquei um amparo para sair de lá.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Sim, eu sou um PNE (Alguma dúvida?)


Alguns ainda teimam comigo, pois então segue a prova.

Segundo o artigo 3º do Decreto 3298 de dezembro de 1999, o qual regulamenta a lei 7853/1989, considera-se deficiência a perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade dentro do padrão considerado normal para o ser humano. A deficiência permanente é aquela que não permite recuperação ou alteração apesar do aparecimento de novos tratamentos, por já ter corrido tempo suficiente para a sua consolidação.

O artigo 4º do referido decreto enumera 5 categorias para portadores de deficiências, eu me enquadro na:

Deficiente físico: é o portador de alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física.

Alguma dúvida?