sábado, 31 de outubro de 2009

O Acidente

Tinha acabado de ver meu filho, o que me deixou muito excitado, eufórico, feliz. Mas ainda precisava fazer tanta coisa... Estava a caminho da casa do meu primo, onde pegaria a bateria para ensaiar com minha banda autoral (adoro dizer isso, BANDA AUTORAL), mas no meio do percurso... Acabara de fazer uma curva a direita, começando a acelerar novamente. No sentido contrário vinha um carro, Peugeot 206 vermelho metálico, que de repente cruzou minha frente, sua intenção era entrar numa pequena rua a minha direita, o problema é que ele não olhou para a frente ou não esperou que eu passasse, em frações de segundos tive a oportunidade apenas de buzinar e frear, quando vi que o impacto era inevitável, dei um pequeno salto da moto para livrar a perna e expressei minha revolta: P**A QUE PARIU!!

Fui arremessado como numa catapulta e o pára-brisa do carro serviu de prancha de lançamento, voei uns 20 metros como um homem bala, mas involuntariamente e felizmente não cai de cabeça, inspirado com as olimpíadas, dei um mortal carpado e cai com os pés no chão, depois um pequeno salto e pronto, parei de quicar. Ufa, acabou! Agora vou levantar, sacudir a poeira e resmungar por uns arranhões na moto e seguir meu destino. P***a nenhuma!

Vejo um senhor vindo em minha direção, apontando o dedo, proferindo algumas palavras em uma língua incompreensível e desaparecendo, como mágica. Pensei, Deus veio me buscar, que bom, esperava qualquer um, menos o próprio (é que temos nossos probleminhas). Mas estava errado novamente, descobri que o senhor era o condutor do veículo, que após aquela rápida aparição, sumiu do local do acidente, os motivos são desconhecidos, mas existem várias teorias que depois comento.

Enfim, sinto fortes dores nos meus pés, seguindo de um cheirinho de churrasco, minha própria carne, sendo assada pelo asfalto quente daquele domingo fervente. Os olhares da multidão que me cerca, machuca meu orgulho, nunca gostei de ser o centro das atenções, principalmente neste contexto.

Um colega motoqueiro que nunca vi na vida, chega como se aquilo fosse comum e corriqueiro para ele, saca de forma faroéstica um celular do bolso e diz: um telefone de alguém aí boy, pra te ajudar. Digo uns três nomes e seus telefones (depois comento sobre), ele faz as ligações e diz estar tudo resolvido, dá boa sorte e desaparece. Seria esse meu segundo quase contato com Deus?! Acho que não. Em paralelo, alguém ligou para o SAMU que estava a caminho.

Após 20 minutos (do grande) de espera, com dores e quase ficando bem passado naquela churrasqueira com pedras vulcânicas, chega o SAMU. Faz a verificação inicial, cutuca todos os meus ossos e constata, ferimentos apenas nos pés. Ufa! Alguns curativos e pronto, minha apresentação ao novo emprego amanhã não estará comprometida. Pois é, não tinha mencionado isso? no dia seguinte começaria num novo emprego, numa grande empresa, quase um sonho... Mas estava errado mais uma vez. Escuto da técnica em enfermagem que compõe a ótima equipe do SAMU: Temos uma fratura no pé direito, e começa minha odisséia até o hospital...

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