sábado, 27 de março de 2010

O Manto negro

Me vestir do obscuro, do trágico, do fim do mundo. Um manto negro que cobre toda minha existência e me faz olhar apenas para mim mesmo. Vejo todos os erros e todos os errantes, que de alguma forma permiti que arrancassem um pedaço de mim.

Me enclausurei na minha própria sobra, esta densa, como um fardo a carrego para nunca esquecer que o sofrimento é um opção, pois a morte e a sorte são primas tão apegadas, que a falta de uma leva a outra. Mas só uma pode ser forçada, preciso fazer minha escolha...

Nesta minha particular caverna, recebo constantes visitas, um ser horrendo, uma mistura de todos os desenhos feitos para inimigo dos céus, o derradeiro anjo caído que vive nas trevas, e assim como podem imaginar não é uma visita amistosa, mesmo que ele sempre estenda sua mão (se é que podemos chamar aquilo de mão).

Neste momento ouço apenas sua respiração ofegante como de um animal assustado, sinto frio enquanto transpiro e tento me livrar das amarras, pois sempre que ele aparece fico preso, completamente paralisado. As vezes ele se mantém distante, outras se aproxima tanto que me sinto fraco, como se a vida estivesse ficando pra trás.

Não posso gritar, correr, e isso é agonizante. As vezes, decido desistir de lutar e me entrego, mas quando começo a sentir o seu abraço contorcer os meus ossos e a minha respiração falhar, volto a lutar e acordo do sonho que por vezes desejei ter.

Nesta introspectiva odisséia, onde luto com meus próprios monstros, não consigo achar o caminho de volta, por mais que mude de direção estou sempre perdido, coberto pelo manto negro.

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