terça-feira, 2 de março de 2010

Deficiência Comportamental

Sofri um acidente que me deixou "paralítico" por 2 meses, cadeirante por quase um mês e andando de muletas por 25 dias. Hoje consigo andar sozinho e se me esforçar bastante ninguém percebe minhas limitações, pelo menos nos primeiros 20 minutos. Mas graças a Deus, a mim ou a Renato Russo (Cada um escolhe um desses para acreditar), consigo ter quase uma vida normal.

O engraçado é que comecei a perceber que apesar da significativa melhora, estou cada dia mais deficiente, não físico ou mental, mas comportamental. Estou Levando uma vida inerente à própria solidão, me fantasiando de gente para me misturar ao grupo, mas visto por dentro uma carapuça sombria e esquisita, que traz a tristeza, o rancor e a morbidez como sentimentos primários.

Hoje, sou mais do que nunca um portador de necessidades especiais, e das necessidades mais especiais do mundo, a alegria, a felicidade, o amor. Necessidades que vão além das limitações do homem, andar, falar, ouvir, são limitações pequeninas quando se tem a chama de viver dentro de si, mas o que tenho não passa de uma fagulha, algo tão singelo que as vezes nem sei se existe e desisto. Mas logo vem um sopro e me faz lembrar como foi bom o que eu nunca vivi, mas imaginei que vivi.

Não é difícil transformar essa faísca em algo mais fogoso, basta me tratar da deficiência comportamental, valorizando as pessoas que gosto e, sobretudo, satisfazendo meus desejos sinceros e imparciais, que só trarão o bem para o meio em que vivo e especialmente para mim.

Essa parte é fácil, basta eu imaginar o que me deixaria alegre, feliz, seja fazendo alguns cursos, listo: Libras, Teatro, Idiomas, Artes Plásticas, Música. Seja fazendo coisas triviais, mas que tem sua parcela de satisfação, como: cinema, jogos de tabuleiro com os amigos, passeio na praia, zoológico, etc. O melhor é que todas as opções de tratamento para essa deficiência são factíveis, acessíveis, salutares e na sua maioria podem ser realizadas em grupo, o que é melhor, pois como dizia o poeta "Rauzito", sonho que se sonha só é só um sonho, mas sonho que se sonha junto é realidade.

Claro que tudo fica mais fácil na teoria, e que como todo tratamento, é preciso que o enfermo aceite e se dedique, mas acho que estou indo bem, pois ao escrever toda essa baboseira, precisei reconhecer que estou doente e que a cura está primeiramente dentro de mim, e que se do poço eu só conheço o fundo, é porque nunca olhei para cima, é porque nunca estiquei o braço e busquei um amparo para sair de lá.

Um comentário:

  1. Ufa, ainda bem que teve um final esperançoso. Tava agoniada!
    Espero que fique bem!

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